04 janeiro, 2016

Na redundância do inevitável, não acabaremos sozinhos. 
Há metades que se completam e partes de nós que se perdem e mentes que as encontram ou encontram-nos e, por vezes, sopram memórias e agitam-se corações. 
São crentes num minuto e no outro deixam de acreditar, porque o céu ao fim da tarde parece desfazer-se e eles esperam que a noite venha e esperam que traga tranquilidade mas a ânsia mata-os. Folgam aquando a presença da luz da lua, esperam que os leve; mas não os apaga, não os gasta, não os leva. Estão presos e partidos, mas recusam-se admiti-lo. Procuram formas de estilhaçar espelhos dos quais os reflexos intimidam, procuram ser eles e outros e voltar a não ser ninguém. Eu procuro não ser como eles e enquanto me perdia afim de me encontrar, encontrei-te. 
A minha pele ficou sensível ao teu toque, parecia magia mas eram só os teus dedos a passarem-se-me sobre a alma. Não sabia de mim, mas tentava sempre saber de ti. Juntos éramos os dois, alucinados, porque o teu cheiro tinha esse efeito sobre mim. 
De telhado em telhado, a insanidade que partilhamos agarra-nos as mãos e não nos deixa fugir. 
E, agora, só peço que não te levem, que não te levem para longe de mim.

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