11 janeiro, 2016

no empata e desempata do tempo, tanto tempo este que se me ocupou e apoderou de mim e de tudo o que tinha predestinado fazer; estava à espera de algo inesperado e, parece-me que, estavas destinado a aparecer. até este momento, contínuo sem perceber, se é por querer ou por tanto ter desejado. tropecei em ti, e que surpresa agradável esta. o tempo abrandou, apesar de a vida continuar apressada e escassa. já me esquecera do que sentia ao sentir e revivo agora, pela primeira vez, tudo o que outrora pensara ter sentido. não quis crer que ainda havia tempo para nós porque tu não chegavas e eu cansava-me de esperar. as noites adormeciam com o nascer do sol e o meu corpo deitava-se sob a luz da lua, e então sonhava. quero acabar este parágrafo antes que a cabeça pesada me caia dos ombros. olho pela janela, sacudo o tapete cheio de cinzas de todos os cigarros que fumaste e aqui te esqueceste. suspiro de alívio porque enquanto tu estás longe, a saudade está perto. e nesta rua com dois sentidos que nos leva a lado nenhum, a andorinha não voa; a primavera não chegou ainda. percorri-a demasiadas vezes e perdi-me em todas elas. porém, não me preocupo. tenho tempo para matar enquanto este não me mata a mim e esperar por ti cansa... prendo uma fita à mão, a mão à cama, a cama ao chão, o chão ao teto, o teto à janela e a janela a um pedaço rasgado de papel que havia maltratado. agora que penso nisso, ainda me falta tempo para que te possa dar a mão, atravessar esta rua que nunca mais acaba e fugir.

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