04 outubro, 2013

falar por falar, sonhar sem nunca alcançar, ambicionar sem jamais trabalhar. lutar por resistir mas nunca por mudar. ansiar a chegada do futuro sem nunca esquecer o passado. sorrir ao tentar fugir da dor mas esta tende em permanecer.
cai a noite e a brisa fria beija o meu corpo, arrepiando-me e sussurrando-me ao ouvido as tristezas e lamurias das almas perdidas, dos corações destroçados, das pequenas trémulas friezas e desilusões da vida.
gritam aos céus, gemem de medo e rancor deixado e construído ao longo do tempo perdido passado a vaguear as ruas obscenas da mente dos injustiçados.
recaem agora sobre a complexa almofada, baixando a cabeça, procurando conforto, esperando deixar pousar as mágoas e desgostos, temendo o que se segue, respirando proezas imagináveis, fechando os olhos e apenas...
como pode o diabo puxar-te em direcção a alguém que parece um anjo a teus olhos?
fecho os olhos e luzes flasham a imensidão, abrindo caminho sobre luzes, brilho e fantasia. volto a ser criança. os medos esvoaçam, tufo o que até ali foi aprendido e aperfeiçoado é esquecido e deixado para trás.
não existem problemas, não existem palavras. sinto-me livre, apesar de desconhecer o significado de sentir. consigo voar, e sem sair do calmo, sereno e esquecido mundo, voo. sobre o mar, as estrelas, o infinito.
ninguém me pode parar, ninguém me pode deter.
não o faço para agradar, não vivo por eles nem para eles. vivo por mim, faço-o pela minha vontade. não sinto obrigação, não o faço para que gostem, mas porque cresce, é tão grande, tão imensamente grande que já não cabe cá dentro.
não o digo nem comento, prefiro guardá-lo para mim. não deixo que me mirem e se questionem acerca disto.
para eles isto não existe.
deixo que o papel seja o único a saber aquilo que nem o mais pequeno ser quererá alguma vez escutar.
sinto-me destemida ao permitir que o rasgo do lápis perfure o papel.
desejara ser ouvida, não por alguém mas por algo. algo que me permitisse libertar de toda esta monotonia, algo que não me sufocasse como todas as outras coisas em meu redor faziam.
sinto-me liberta de todas as correntes, que outrora pesaram sobre o meu corpo e espírito.
não o digo num ato de egoísmo, não o faço com desprezo a todos os outros que tentam e voltam a tentar, que depois de cair se voltam a erguer e não falham, apenas progridem.
as folhas fazem com que cresçam e não que diminuam e se rebaixem.
grandes homens são feitos do nada, do`fundo, do inexistente, do inigualável, da pobreza, da dificuldade, da força da vontade.
eu olho com atenção, observo todos e cada um deles, sem que eles dêem pela minha presença, sem que se sintam constrangidas pelo meu rápido julgamento.
é das imagens que se criam opiniões. é da observação e estudo de alguma coisa, relevante e irrelevante (dependendo das pessoas) que surge o que até ali, talvez, nunca ninguém teve o tempo suficiente para pensar. 
é necessário o escoamento do pensamento, a absorção do ridículo e do impensável e, acima de tudo, a bravura de se expor.
mesmo que ninguém veja ou perca tempo a tentar perceber.
é a tua pessoa, és tu, é ser verdadeiro, é dizer basta, não gritando, não sussurrando, apenas escrevendo.
apenas deixando a tua marca.  

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