03 outubro, 2017

mesmo sem saber
eu sei que se soubesse ficaria bem,
e não estou bem porque não sei
e se soubesse não daria
um pouco mais de mim em cada sopro do vazio
que me esvazia e me preenche, porém nunca inteiramente
na mente entupida de ideias absurdas
de inquietudes e questões que não me deixam dormir à noite.
se soubesse não faria
o que outrora fiz
o que agora queria fazer
mas sem saber
não fiz.
ando louca
de um lado para o outro
e troco piadas comigo mesma
sem ninguém ouvir,
ou pelo menos sem eu notar que alguém está a ouvir,
e riu-me delas e de mim mesma
porque tudo isto não passa de uma anedota.
anoto feitos e defeitos e coisas por fazer
e sem saber digo ter feito o que ficou a meio.
um mau velho hábito meu é este.
sentada na beira da estrada
vejo os carros passar
os pássaros voar
e eu sempre a olhar
sem saber se devo avançar,
se me deva levantar,
sem mover qualquer membro do meu corpo
ali permaneço, inexistente no tempo.
se soubesse, saberia
como não sei, tento adivinhar.

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