27 julho, 2016

Guardo-os onde ninguém os consegue ver e mesmo que conseguissem não faria diferença. Eles não vão embora por mais que lhes grite e suplique, eles arrombaram a porta, eu perdi-me no escuro, deitei fora as chaves e eles ficaram. Eu quero ir embora, não me deixam; estão no bolso do casaco, adormecidos na almofada, sentados à janela e observam-me. Mato-me com cigarros e com a esperança de que vão embora. Gostam de me ver sofrer. E eu não sei como não gostar ou como gostar de outra coisa sem ser deles porque mesmo sem querer fazem parte de mim e partem-me aos bocados, desfazem-me aos bocados e eu deixo. Desvaneço com a brisa, eles seguem-me. Gostava de desaparecer. 

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