ainda não desfiz a mala e não sei se isso é bom ou mau, só sei que me faz pensar nele e quando será a próxima vez que o vou ver. a roupa espalhada, ainda sinto o cheiro dele, deixou marcas em mim e ainda as sinto, ainda as vejo. sinto tudo em demasia e a minha vontade de voar aumenta e, aos poucos, vou morrendo por não ter asas. pinto as paredes do quarto com o seu rosto porque me deixa feliz e já nada tem esse efeito sobre mim. dormir tornou-se uma obrigação, assim como esperar e viver. afogo-me em cigarros e cafés porque o meu desejo de estar aqui é tanto quanto a minha vontade de me levantar cedo todas as manhãs para ir trabalhar. nenhuma. por mais que me esforce, não consigo tirá-lo da cabeça. anda de um lado para o outro e faz-me cócegas... e eu não me importo. de todas as coisas más que eu sou, ele viu as boas e só queria agradecer-lhe por isso. obrigado. contigo não sou eu, ou sou eu mas melhor, contigo sinto-me finalmente eu. nunca percebi o que significava, agora sei e gosto. gosto de ti, gosto tanto de ti que me atreveria a dizer que mais ninguém gostará de ti como eu gosto. e, por isso, só te queria dizer que...

torna-se tudo real e não me assusta voar, do que eu tenho mesmo medo são das despedidas. agarro-o com força mas tenho sempre de ir e há sempre alguém que está à minha espera mas que se dane, que se dane o mundo e toda esta impaciência e mais alguma. gosto dele porque me faz sentir em casa e esse é o melhor elogio que lhe poderia dar.

quero voltar para casa.