18 fevereiro, 2015

e por segundos abstenho-me de todo este ruído que me envolve e me faz contorcer de agonia, pois toda a malícia dos olhares e a cópia de personalidades pode tornar-se deveras perturbante. 
estou sentada, pareço quase invisível mas não por completo. estou aqui, à espera que alguém venha e me faça levantar desta cadeira. à minha frente está ela, tão parecida comigo porém nunca a conheci. 
finge que a ausência de todos não a incomoda, mas, afinal, que tolo não se sentiria incomodado? 
guardo para mim tudo isto e mais um montão de outras coisas... 
cambada de ingratos, insensíveis, manipuladores!
quem disse que não podia ser independente? quem disse que não podia viver sem ti?
não preciso de ti, nem de ninguém.

as tempestades vêm e vão, nada dura para sempre. nem o meu amigo sol fica um pouco mais quando lhe peço.
abdico de me tornar aquilo que poderia ser para me tornar aquilo que realmente sou, seja lá isso o que for. só não quero ser igual a eles, que atiçam fogueiras, cortam cabeças e atiram-nas pelo ar e ainda partem corações e nunca sentem remorsos.
ah, que tolos! 
inúteis, cambada de idiotas. falam mil e um dialectos mas continuam incompreendidos.
eu não, normalmente não falo. sento-me e observo mas raramente partilho. não é que seja egoísta, apesar de não gostar de partilhar aquilo que me pertence, não o faço porque ninguém saberia daquilo que falo... e provavelmente desataria a chorar ou arranjaria uma outra maneira de me envergonhar perante todos eles.
são escolhas; eu faço as minhas assim como eles fazem as deles.
como disse não sou completamente invisível (quem me dera que assim fosse) e se eles escolhem não me ver ou ignorar, não me preocupo pois escolhi estar sozinha.
se me chamam e eu não vou, é minha culpa. mas não me sinto culpada, até porque a culpa não é de ninguém.
ah, cambada de idiotas! como vos desprezo... 
sinto-me tão não segura de mim mesma (digo não segura e não insegura: insegura indica total fracasso em aceitar a realidade, enquanto que a não segura indica que não estamos preparados para aceitar).
eles provavelmente julgam-me parva e tola mas não me importo. sou aquilo que sou, aquilo que eles dizem que sou e talvez seja também aquilo que eles nem sonham ser mas que eu sou.
sentar-me aqui sozinha sabe a café amargo. eu gosto de café, mas não quando este é amargo.
ah, cambada de idiotas! e eu sou só mais uma.


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