11 junho, 2015

três estridentes pancadas fazem-se soar na minha nuca; levo as mãos ao pescoço, ao mesmo tempo que me apercebo que existe vida em mim, fecho os olhos e espero que o ruído desapareça.
"peço desculpa, mas não tenciono receber visitas."
tento decidir entre saltar da cama ou deixá-la engolir-me; tenho sido mantida sob cativeiro nesta escuridão que me envolve e me embala como se do seu filho se tratasse.
todos os dias são novos dias, são só mais um dia e não passam disso.
ando de um lado para o outro, no entretanto divago, e não chego a lado nenhum. 
"estou perdida!", grito para mim mesma, na esperança que alguém me ouça, na expectativa de que se torne demasiado óbvio para passar despercebido. 
olho de um lado para o outro, e contemplo uma grande janela, fechada, com certas fechas de luz, todavia não as suficientes.
aproximo-me e do lado de lá está um nada que podia ser tudo.
a brisa suave que se passeia no ar chama-me sem sequer saber o meu nome; sorrio e apesar de não saber o seu nome, desejo ir com ela. 
cheira a felicidade e gostava de poder sentir esse odor em todo o momento.
não obstante, contínuo deitada na cama sem certezas do que quero ou irei fazer; não me agrada o facto de ter de tomar decisões, principalmente quando estas são decisivas.
permaneço estética e a minha mente um turbilhão.
se pudesse, capturaria sonhos; estes que foram já esquecidos, assim como indivíduos que de tanto sonhar se evaporaram. talvez o sopro que me convida a sair desta enclausura os possua dentro de um frasco que, de algum modo, os mantenha sóbrios ou apenas, os mantenha acordados.  
corro de um lado para o outro, as pancadas tornam-se impossíveis de suportar. corro, porém não chego a lado nenhum.
não me agrada que seja forçada a fazer planos, afinal, não adivinho o amanhã e se o amanhã não existir e se amanhã eu não existir e se todos os planos que outrora fiz não existirem e se eu ficar e tu não ou se eu não ficar e tu me quisesses, então eu talvez quisesse, mas da mesma maneira que eu não sei, tu não desejas saber e então decido que é melhor não fazer planos porque afinal e se amanhã for ontem e eu não passar de hoje?!
embrulho-me, com a ajuda dos meus dois braços, como se fosse um bonito presente e espero que seja a minha vez de deslumbrar alguém. tenho esperado, mas tanta espera deu cabo de mim.  
prefiro que me deixem, me atirem ou me levem para algum lado porque tenho tentado e cheguei a lado nenhum.  


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